Incorporando o amor

Author: Heitor de Oliveira /

Para falar de amor não é preciso muito

Para falar de amor basta jogar para fora
Para falar de amor o silêncio basta
Para falar de amor não é preciso rimas
Não é preciso métrica
Sequer amar, é preciso (...) para falar de amor

Já para entender amor é preciso tudo
Para entender o amor, tudo é insuficiente

Quem entendeu amor, não entendeu completamente
E dos que escreveram amor, poucos foram competentes
Em frente a esses poucos, muitos como eu aprendem
Muitos como eu, pouco entendem
E poucos desses muitos, um dia hão de entender
Que pra escrever amor
Tem que saber do amor
Tem que viver amor
Um dia ser amor...

Estórias pra contar, lições a ensinar...

Author: Heitor de Oliveira /

Na época em que meus ossos estiverem fracos
Quando não houver muito o que fazer
Acho que vou montar uma cadeira de madeira
Em sua base, vou dar a forma arredondada
Ela vai balançar e eu vou passar o dia ali

De vez em quando uma ou outra criança vai passar
Com um leve movimento nos dedos quero chamá-la
Aposto que ela vai passar sem sequer me notar
Mas quando uma criança atenta parar
Espero ter uma boa estória pra contar
Porque quando parei pra ouvir o senhor da minha rua
Ele me mostrou num breve conto
Que as pessoas irão sempre me ensinar algo
De ruim ou de bom, quem escolhe sou eu

E a minha cadeira de balanço ?
Ela vai envelhecer junto comigo
Ouvindo as mesmas estórias
Contadas para as diferentes crianças
Que prestarem atenção no simples movimento dos meus dedos...

O sol

Author: Heitor de Oliveira /


O calor do sol invade os olhos
Passando pela janela de vidro
Dos quartos das milhares de pessoas
Que levantam na metade de cá da Terra

É hora de acordar...

Do outro lado o poente é cintilante
Pares românticos observam
Os olhos até brilham
O mesmo calor os invade
Trazendo lágrimas de sono em felicidade

É hora de dormir...

Cinco passos para o fim

Author: Heitor de Oliveira /


Deprima, sinta-se só

Se prenda, se amarra por dentro em nós

Não ligue, saia sozinho em reflexões

Senta no banco do parque e pensa

Volta para casa (...) imensa...

Cheiro de chuva

Author: Heitor de Oliveira /

O tempo fecha, o vento bate forte
O frio toma conta e faz tremer

Os pelos se arrepiam
As pessoas se olham

O cheirinho invade o sentido
É a chuva que vem chegando

Trazendo ao mesmo tempo
A tristeza e a felicidade

Soneto da morte

Author: Heitor de Oliveira /


As vezes parado durante o dia
Meus olhos se fecham num mar escuro
Reflexões me abatem em agonia
E devaneio invade o meu sonho puro

Uma gota em lágrima rola ao rosto
Torna o real em um estranho fosco
A angústia me toma de um modo tosco
E arranca do mundo tudo o que eu gosto

Desesperado em procura ao que resta
Não sei achar maneira que não esta
De dizer o que tento parar de sentir

Se não fujo ao papel que aqui está
Me entrego de vez a essa vida má
E deito e espero o fim que há de vir