Menina Moça

Author: Heitor de Oliveira /

Mais que um olhar e mais que um sorriso

Eu senti o calor fervoroso que jamais sentira
O mundo parava, a música ecoava em um única lira
Meus sentimentos se resumiram num instante impreciso

Você passava e dançava como a Lua retira o Sol da sua valsa
Nos seus olhos eu via o verde dos mares a soar
Na sua boca eu via o rosa do poer a me alcançar
E em seu sorriso eu vi a vida passar em uma única luz à falsa

Você que não dança e sorri como uma ingênua moça
Me faz correr à sua volta como um carrossel a entreter uma criança

Você que não quer amor demais e vida a esmo
Me deixa solto à liberdade como o papel ao vento, imenso

Apelo apenas a seus olhos que me embriagam num prazer imenso
E ao seu sorriso que lubridia ao virar uma menina.



Dedicado a ti, Esperança.




Saudade

Author: Heitor de Oliveira /


Saudade é água fria nas noites de inverno
É ferida maldita que não se cura com tempo

Saudade é falta que o amor nos traz
É vazio de dentro que chora pra fora

Saudade é como ter a impossibilidade aos seus pés
É como ter amor sem ser amado

Saudade mata por dentro, machuca a alma
É sentimento sólido, porém intocável

Saudade é dor, paixão, amor, solidão
Na forma de um ardor implacável...

Saudade é saudade sem saber pra quê
Saudade é saudade, só se sabe o porquê.

Curto adeus

Author: Heitor de Oliveira /

Os momentos deixaram lembranças que jamais serão apagadas

Os momentos felizes, daqueles que deixam raízes e mais...e mais...

Sofrimento é apenas o começo do final
Um final que deixou dores que ainda me rasgam o peito
Entretanto ouço vozes que me confortam
Dizem que é o melhor para nós, dizem que a vida é desse jeito

Os anos se passaram e juntos vivemos aqueles momentos
Vivemos intensamente cada um deles e aproveitamos ao máximo
Pena que durou pouco tempo, pena que anos foram insuficientes...
Agora só nos resta chorar o necessário e então começar a sorrir novamente

E aqui vai o meu último adeus, adeus de um amigo apaixonado
Apaixonado de uma paixão que se perdeu aos poucos
Junto com o amor que contive tão intensamente...
Adeus, até breve...

Ela dançava

Author: Heitor de Oliveira /

Um charme, uma luz, uma beleza

Algo que nunca vira antes
Uma mulher inconsequente

Ela estava feliz como nascer numa manhã de verão
Agitada e dispersa como os pássaros a voar sob o efeito da luz
Um olhar fagueiro e demorado que me fascinou por inteiro

Ah ! O vestido, nem curto, nem longo, simplesmente único em sua perfeição
Caia levemente sobre seu corpo como um véu de seda cairia aos olhos de uma noiva
Era como contemplar a perfeição em sua mais bela arte a movimentar-se em uma dança

Quem dera eu, mero poeta sonhador, me apresentar com a elegância merecida
Essa mulher era digna de príncipes, não nobres
Mas príncipes, sonhadores como eu, mas príncipes !

A bela criança da Régis

Author: Heitor de Oliveira /

Das mais belas estradas do meu país

Viajo na tortuosa e esburacada Régis Bittencourt

Ah ! Não é a toa que te chamam de morte

Maldita seja, que não me deixa ler nem ver


E a poesia aqui ? Sai mais torta que quando a estrada é reta

É, pois minha poesia não é das mais retas

E a maldita Régis, maldita seja ! Atrapalha mais !

A moderna pena mal encosta no papel

E lá vem buraco ! Malditos sejam os buracos !


Mas que ideia incrível esta minha

Escrever poesia no assento de um ônibus

Ah ! Meu caro leitor, não sabe o que é passear pela serra

Mas não me refiro ao passeio de chão não !

Me refiro ao passeio de versos que essa mata esconde

Passeios trilhados, magníficos e desgraçados

Onde somente o poeta é capaz de andar !


As pessoas da minha carruagem são quietas

Com exceção da linda criança que aos prantos chora

Criatura mais bela a criança, ingênua e sábia !

Diria que de todas as crianças nascem poesias

Mas seria dizer demais sobre algo que, de decifrar, sou incapaz...


Mais cedo disse a um grande amigo meu

Que clima melhor não há, que o frio da mata para ler um bom livro

É...gostaria de achá-lo agora para completar meu dizer

Pois clima melhor não há, que o frio da mata para escrever poesia


Meu ônibus saiu da serra e agora adentra às pequenas cidades do Vale

Ah ! Só lembranças me trazem essas cidades do Rio Ribeira

Saudades de quando fui criança como a bela menina que insiste a chorar

Naquela época não escrevia poesia

Mas posso dizer que minha mente, ingênua e sábia de criança

Fora capaz de produzir sorriso nas faces de mil e um poetas


Sei disso, pois a minha face não é outra que um belo sorriso

Quando escuto a linda menina chorar

Ela sabe que gosto dela, mas esconde o seu saber

Na inocência da idade


É...


No final das contas a Régis não é tão maldita

A Régis de hoje me apresentou um caminho tortuoso

Cheio de poesia, lembranças e uma linda criança

Não sei o nome dela, e sei que ela jamais lembrará de mim

Mas eu sei, que por toda minha vida

Dela hei de lembrar

E quando eu chorar

Vou querer sempre recordar

Daquela infância de algum tempo atrás

Quando eu era poeta e um pouquinho mais.